JOÃO MACIEL
O REMATE –Tenho conhecimento que em breve vais aos Estados Unidos para conviveres com antigos colegas da Universidade onde estudaste. Como aconteceu haver esse encontro.?
JOÃO MACIEL – É verdade, vou-me deslocar aos Estados Unidos, mais concretamente ao estado de Illinois, a uma pequena vila de nome Macomb, Illinois onde estudei numa Universidade que fica no sul de Chicago a 5 horas de distância. Na década de 70, concretamente entre 1974 e 1977 estive lá a estudar, recebi uma bolsa de estudo e fui para lá estudar e jogar futebol. A Universidade todos os anos organiza um encontro entre ex-alunos e e ex- jogadores para conviverem em conjunto e até fazem uma brincadeira de um jogo tipo, casados e solteiros, e como já náo ia lá à vinte e tal anos, decidi este ano ir , e por duas razões: a primeira porque tenho um colega meu que vive aqui em Ayr, com quem andei também na escola, o Andy Queen, e quem segue o futebol local deve-se lembrar dele porque jogou muitos anos no Cambridge FC, e também porque este ano calhou que muitos colegas com quem joguei naquele período de 1974 a 1977 decidiram também ir, segundo sei vão lá estar 13 ou 14 colegas, portanto é uma oportunidade não só para rever o meu ex-treinador, que já não treina, está reformado e para ver os muitos colegas com quem joguei.
O REMATE – O que pensas do actual futebol local.?
JOÃO MACIEL – Esta é uma pergunta que me fazem quando nós falamos sobre o futebol e é uma pergunta delicada porque muita coisa mudou, o futebol daquele tempo era muito diferente do de hoje, era um futebol muito mais maduro, muito mais evoluido do ponto de vista dos atletas que jogavam, do compromisso e do empenho que tinham pela camisola, e pelo amor que tinham pelo clube que representavam, as coisas mudaram de muita forma, eu acho que é como comparar o futebol de antigamente e o de agora como comparar uma laranja com uma cebola, são coisas que comemos, mas com sabores completamente diferentes, hoje há excelentes jogadores mesmo dentro da nossa comunidade, mas eu acho que não se pode comparar com o futebol anterior.
O REMATE – João, para terminar queres deixar alguma mensagem nas páginas do REMATE.?
JOÃO MACIEL – Eu agradeço sempre a oportunidade que vocês me têm dado durante estes anos todos de poder falar com a comunidade, tenho imenso respeito pela comunidade portuguesa, não só do ponto de vista futebolistico porque realmente é onde sou mais conhecido, últimamente sou também conhecido pelo meu trabalho na ‘’Rádio Sons de Portugal ‘’ , e desta forma continuo a ter grande respeito pela comunidade, uma comunidade fantástica, e apenas agradeço a oportunidade seja através do REMATE ou do programa que faço todos os sábados de poder continuar a ter contacto com a nossa comunidade e todas as vezes que vejo pessoas amigas ou relacionadas com o futebol que já não via à muitos anos, ou pessoas quer me ouvem todas as semanas, as palavras de agrado, as palavras positivas que me dão é o que faz com que nós continuemos a trabalhar, sei que isto é da mesma forma a maneira que vocês trabalham para O REMATE.
O REMATE – Na lista de melhores marcadores estás referenciado como o melhor entre os melhores com um recorde que já dura à muitos anos, não é verdade.?
JOÃO MACIEL – Lembro-me que o meu treinador na Universidade dizia que há um ditado inglês que diz: ‘’Não há letra I na palavra team’’ ele queria dizer com isto que a referência de uma equipa de futebol é o colectivo, não o individual, enfim, este meu recorde devesse ao facto de eu ter jogado com grandes jogadores e grandes equipas, porque recordes individuais para mim são bons quando uma pessoa trinta e três anos depois olha para a lista dos marcadores e vê que realmente continua no topo de uma lista onde tem passado muitos e bons jogadores durante estes 33 anos e nunca conseguiram ultrapassar o número de golos que marquei e dei a marcar, mas eu acho que o ponto final disso é que se deve aos colegas com quem joguei, excelentes jogadores e excelentes treinadores.
O REMATE - Sentes-te realizado ou achas que podias ir mais além como jogador?.
JOÃO MACIEL – Devemos olhar para trás mas num ponto positivo, porque olhar para trás e dizer eu tenho pena de não ter feito isto ou aquilo, não é bom, os anos passam e a gente tem que olhar sempre em frente, eu acho que no ponto de vista do futebol, posso mesmo dizer que noventa e cinco por cento ficou concretizado, se há por exemplo o pensamento em que se eu tivesse tido oportunidade de fazer de outra maneira talvez tentava fazer de maneira diferente, seria tentar o futebol na europa numa segunda divisão em Portugal ou em outro país, mas não tenho pensamentos negativos, porque o que se passou está passado e feito.
HILDEBERTO ALVES
Ao meu amigo e conterrâneo João Maciel desejo uma boa viagem e óptima estadia nos Estados Unidos, e se possível que traga algumas fotos desse convívio para que possamos depois publicar no Boletim Desportivo O REMATE.
LAURÉNIO RESENDES
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