AS NOSSAS ENTREVISTAS - MARIANO RAPOSO
O REMATE – Mariano uma vez mais no Canadá, com esta quantas são as visitas.?
MARIANO RAPOSO – De facto são muitas as vezes que quase lhe perdi a conta, mas é sempre um prazer enorme vir cá nomeadamente representando o Santa Clara envolvendo-nos com os nossos emigrantes, com os santaclarenses, com os açorianos e ao fim e ao cabo com os portugueses, e naturalmente são situações marcantes que me enchem de orgulho.
O REMATE – Antes de falar do futebol, gostaria de saber como viu a festa organizada em honra do aniversário do Santa Clara.?
MARANO RAPOSO – Não foi para mim surpresa tudo aquilo que eu vivi, os nossos emigrantes já nos habituaram a grandes manifestações de patriotismo, de alegria e paixão pela sua terra, e esta festa não fugiu à regra, volto encantado porque assisti a uma festa maravilhosa, creio que todos os objectivos que nos trouxeram cá foram conseguidos, e a mim só me resta agradecer todas as vezes que for preciso tudo aquilo que aconteceu, esta comissão que compõe o núcleo trabalhou imenso nestes dias a preparar a festa e foram inexcedíveis no apoio que nos deram, nomeadamente os com quem mais de perto lidei como o Hildeberto o senhor José Resendes e o senhor Saúl Cabral e por isso vai o meu sincero obrigado em nome do Santa Clara, e naturalmente o meu agradecimento vai também para todos aqueles que não tive oportunidade de conhecer mas que trabalharam para que esta festa ou este encontro santaclarense fosse possível.
O REMATE – Como Vice do Santa Clara sei que está a par do que acontece no futebol do clube, esta época o Santa Clara começou o campeonato muito bem, mas depois apareceu um quebra e foi descendo na classificação, pode-nos explicar a que se deveu essa tal quebra.?
MARIANO RAPOSO – Para quem acompanhou não é difícil explicar o que tem vindo a acontecer. O Santa Clara, como é sabido vem de uma situação de gestão que deixou marcas negativas e que toda a gente conhece, é evidente que nós tentamos preparar uma equipa com os recursos que tinhamos para garantir uma prestação o mais digna possível e ambiciosa, porque nós temos também ambições, esta equipa custa sensivelmente menos 50 por cento da equipa da época passada, mentalmente nós não tinhamos ilusões quanto a subidas de divisão porque mentalmente não nos apetrechamos para isso, só que tudo começou muitíssimo bem e com mérito do Santa Clara que nas primeiras jornadas comandou sempre o campeonato, a partir do célebre jogo do Estoril que a Sporttv transmitiu e que muitos milhares de pessoas tiveram oportunidade de ver, começou aí a recessão em termos de resultados, realmente fomos extremamente prejudicados, erros grosseiros e inaceitáveis em futebol porque e posso frisar isso aconteceu com Estoril, Freamunde, Varzim, Desp das Aves e agora no jogo mais recente em Gondomar, que eu não estive presente mas soube da história do jogo, e quando se sofre três expulsões e do treinador também é evidente que isto marcou negativamente bastante a equipa e condicionou o resultado, e pelos vistos situações uma vez mais injustas e mal analisadas, a partir daí, tiraram-nos lá do topo, começaram a nos empurrar para baixo e nós realmente temos que ter agora a serenidade necessária para que possamos dar a volta e terminarmos numa posição tranquila, é esta a nossa ambição.
O REMATE – Apesar da situação financeira não ser a melhor, mesmo assim sei que o Santa Clara está com ideias de construir um campo sintético, não é assim?.
MARIANO RAPOSO – Para quem tem acompanhado tem notado que esta direcção tem feito um trabalho notável, sinceramente nós assumimos aquilo que ninguém quis assumir, um passivo elevadíssimo, nós ao fim ao cabo é que calculamos este passivo porque quando assumimos a direcção do clube não foi apresentado o relatório e contas, fomos surpreendidos e já tinhamos o clube há 14 meses sensivelmente, e temos sido constantemente surpreendidos com penhoras e processos em tribunal, já resolvemos muitos e já faltam poucos para resolver, o Santa Clara está no bom caminho, temos várias coisas planificadas nomeadamente, essa é uma realidade e é uma parceria com a Junta de freguesia da Relva é lá no campo que vamos colocar o sintético para a nossa formação, é uma parceria com a duração de 20 anos, e também da Fundação Açores que nos vai permitir envolver empresas, entidades e mesmo particulares, no sentido realmente de canalizar as ajudas que o nosso clube precisa, portanto, muita coisa foi feita apesar do momento complicado que o clube atravessa, e esperamos fazer ainda muito mais pelo Santa Clara.
O REMATE- Pela maneira que falou tem a certeza que o Santa Clara vai conseguir ultrapassar todas essas barreiras ?
MARIANO RAPOSO – Tenho essa convicção, muitas já as ultrapassamos, as barreiras mais altas, digamos assim, já foram ultrapassadas que foi colocar o clube a navegar porque o clube, passe a comparação, era um barco que estava a meter água por todos os lados, estava quase no fundo.
O REMATE – E apoios do Governo.?
MARIANO RAPOSO- Sinceramente que o Governo açoriano apoia bastante só que os apoios que o governo vai dar estão todos já condicionados com as dívidas do passado, portanto, nós não vamos beneficiar nada disso, e sim quando esses apoios chegarem é para pagar as dívidas que as anteriores direcções fizeram, portanto, se o apoio do governo fosse bem gerido o Santa Clara estaria a navegar em águas bem calmas, tudo tem a ver com uma gestão, séria e rigorosa, e infelizmente nos últimos anos o Santa Clara não foi gerido dessa forma.
O REMATE – Sei que o Mariano mesmo como Vice-Presidente desempenha as funções como voluntário, sem receber dinheiro em troca, o mesmo acontece com os outros membros directivos.?
MARIANO RAPOSO – É verdade sim, nesta direcção não há nenhum elemento que seja pago profissionalmente, todos nós estamos lá por amor ao clube, por amor à causa, no sentido de salvar o clube. O Santa Clara é um clube profissional e portanto tem de ter uma estrutura profissional, é evidente que está é uma situação de emergência e evidentemente no futuro, e todos temos consciência disso o Santa Clara terá que ter alguém profissional para que se possa dedicar a tempo inteiro ao clube, eu faço-o deixando a minha vida toda para trás e a minha família, mas é evidente que é uma situação que não posso prolongar por muito mais tempo, porque tem me criado muitos problemas porque resta-me muito pouco tempo, ou quase nenhum para dedicar à minha família e à minha vida, mas era uma situação que se justificava, o Santa Clara precisava que assim fosse, e é evidente que é uma situação que não me arrependo.
O REMATE – Actualmente as assistências aos jogos do Santa Clara deixam muito a desejar, seria melhor se o clube estivesse na 1ª Liga.?
MARIANO RAPOSO – O Santa Clara quando esteve na SuperLiga criou uma onda de entusiasmo e motivação em toda a gente e foi bonito de ver tudo aquilo, é verdade, as outras direcções tiveram esse meio de colocar o Santa Clara àquele nível, mas infelizmente não fizeram o que eu entendo por mais fácil que é manter o clube estável, o mais difícil havia que era os apoios financeiros, era tudo uma questão de gestão, infelizmente isso não aconteceu e estamos na Liga de Honra, é claro que as pessoas desacreditaram do Santa Clara, as pessoas afastaram-se porque não confiaram nos seus dirigentes, justificadamente, diga-se de passagem, neste momento esta direcção já é conhecida e já demonstrou portanto a sua postura, e tudo o que tem feito tem merecido a confiança dos santaclarenses. Nós já tivemos jogos com quatro e cinco mil pessoas, mas também sabemos que isso aconteceu pelo dinâmica e promoção que fizemos, e também pelos bons resultados que a equipa vinha conseguindo, sabemos que agora numa fase menos boa já não vai ser assim, as assistências vão decrescer, mas é uma situação que temos que encarar como normal e continuar o nosso percurso.
O REMATE – Já que está de partida para São Miguel, quer deixar aqui alguma mensagem de agradecimento aos santaclarenses de Cambridge e arredores.?
MARIANO RAPOSO- Nunca é demais referir isso e agradecer, primeiramente e uma vez mais ao Núcleo do Santa Clara aqui em Cambridge, a todos os santaclarenses, a todos os açorianos, a todos os micaelenses e portugueses desta província do Ontário, do fundo do coração desejo a todos o maior sucesso nas suas vidas, e quero dizer que o Santa Clara não se esquece deles, esta direcção e por isso nós viemos aqui, idealizamos muito esta viagem, deixamos para trás, quer eu quer o Portela várias coisas importantes para podermos estar aqui presentes porque nós queremos que futuramente o que aconteceu aqui, que foi muito bonito, se repita ao longo de muito tempo, o Santa Clara precisa dos santaclarenses emigrantes e nós iremos fazer tudo para corresponder à confiança que eles depositam em nós.. Para todos a melhor sorte do mundo e espero que realmente dentro das possibilidades que têm que continuem a apoiar o Santa Clara.
HILDEBERTO ALVES
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