Saturday, May 16, 2009

AS NOSSAS ENTREVISTAS


JOSÉ MANUEL VICENTE

ANTIGO JOGADOR E TREINADOR

José Manuel Vicente nasceu no dia 9 de Junho de 1945 na freguesia de Santa Clara, Ponta Delgada, São Miguel, Açores.

O REMATE- Com que idade começou a praticar futebol.?

JOSÉ M. VICENTE – Foi nos juniores do Santa Clara, mas como os juniores acabaram fui jogar para o Ramalho, quando tinha 17 anos essa equipa também acabou e fui então jogar numa equipa dos Arrifes, depois voltei para o Santa Clara para jogar nos seniores.

O REMATE – Quantos anos jogou no Santa Clara,?

JOSÉ M. VICENTE – Olha, joguei 2 anos nos juniores e 5 anos nos seniores de 1962 até 1967, depois fui para a tropa e em 1970 quando voltei, o Santa Clara estava precisando de jogadores, mas eu disse a eles que ia para o Canadá, então eles disseram para eu jogar até embarcar, e só joguei 1 mês.

O REMATE – Quando chegou aqui começou a jogar?

JOSÉ M. VICENTE – Vim directo para o Oriental onde joguei durante 4 anos, nessa altura o treinador era o senhor Manuel Silva, tio do Tony Silva que jogou no Supersónics.

O REMATE – Ganhava dinheiro no Oriental.?

JOSÉ M. VICENTE Nesses anos todos no Oriental nunca ganhei dinheiro, e taças também não, fomos uma vez à final dos playoffs mas perdemos o jogo. Nos últimos 2 anos no Oriental fui jogador- treinador porque nessa altura tinha lá um senhor chamado Nogueira que mora em Hamilton e jogou no Braga com o Armando, quando eles foram embora passei então a jogador-treinador. Depois fui para o Supersónics, mas só jogava quando faltava algum jogador, eu era o treinador e só joguei futebol até 1973, depois do Supersónics treinei o Aurora Lodge onde fui campeão.

O REMATE – Os jogadores que treinou compareciam aos treinos e eram cumpridores.?

JOSÉ M. VICENTE- Todos os jogadores que treinei gostei sempre deles, nunca tive problemas com qualquer jogador.

O REMATE – Dizem que antigamente os jogadores jogavam com amor à camisola, acha que hoje em dia acontece o mesmo.?

JOSÉ M. VICENTE – Agora não sei porque já não vo ao futebol à sete anos, tenho dois filhos e enquanto eles jogaram ia ver os jogos, eles deixaram de jogar e eu também deixei de ir ver futebol, mas posso dizer que quando treinei o Oriental, Supersónics e o Aurora Lodge os jogadores não jogavam por dinheiro, jogavam porque gostavam de futebol.

O REMATE – porque razão resolvei ser treinador.?

JOSÉ M. VICENTE – Vou-lhe dizer uma coisa, parece que nasci com uma bola nos pés, quando tinha 4 anos já gostava da bola, já lá em São Miguel de vez em quando eu fazia de treinador, quando os juniores ficavam sem treinador a direcção do Santa Clara pedia-me para eu treinar, mas ganhei mais vocação de treinador foi na tropa quando estava em Moçambique numa cidade chamada Nova Freixo, no batalhão onde eu estava formamos uma equipa de futebol então comecei a treinar essa equipa.

O REMATE quando deixou de jogar e treinar qual a sensação que sentiu.?

JOSÉ M. VICENTE – Quando passei a treinador não senti muito a falta de já não ser jogador porque jogava nos treinos, quando notei que me estava a faltar a força, mentalizei-me que tinha de deixar o futebol um dia, senti pena de deixar porque quando abandonei ainda podia jogar, e como treinador foi a mesma coisa, mas não deixei chegar ao fim, por isso quando abandonei já estava mentalizado para isso.


O REMATE – Pelos clubes que passou qual aquele que lhe deu mais apoio.?

JOSÉ M. VICENTE – Para além dos três clubes que já mencionei também treinei o Torreense e os Leões e gostei de trabalhar neles todos. No Oriental não ganhei nada mas continuo a gostar do clube, no Aurora fui campeão e no Supersónics ganhei uma taça, no Torreense e nos Leões estive lá pouco tempo, no Torreense foram quatro meses no início da época, e nos Leões foi ao contrário, estive lá tambem os últtimos quatro meses da época, fui treinar essas equipas porque tinha lá amigos e eles me pediram. Nunca gostei de estar muito tempo no mesmo clube, por exemplo quando comecei no Supersónics foi para ajudar os rapazes passei por várias ligas e quando o Supersónics subiu à 1ªDivisão eu disse para mim, agora já é tempo de eu sair, já formei uma boa equipa, agora venha quem quiser porque aqui já não tenho nada a fazer.

O REMATE – Sente-se realizado como jogador e treinador, ou sente que podia ter chegado a um ponto mais alto.?

JOSÉ M. VICENTE – Nunca pensei em subir mais alto porque sempre fui um jogador e treinador amador e por isso não tinha classe para chegar mais além. Em São Miguel eu jogava futebol e também era mecânico na Singer, trabalhei lá 8 anos, um dia eles precisavam de um mecânico na Terceira e convidaram--me para eu ir para lá trabalhar e jogar no Lusitânia, a Singer pagava metade do meu ordenado e o Lusitânia a outra parte, mas eu não quis ir, não quis sair de São Miguel.

HILDEBERTO ALVES






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