Wednesday, September 1, 2010

PÁGINA SOCIAL DO '' REMATE''


FRANK VIEIRA

PROPRIETÁRIO DO MINI-MARKET


Frank Vieira, nasceu na freguesia da Àgualva, Ilha da Terceira, Açores

O REMATE – Em que trabalhava na Ilha Terceira?
FRANK VIEIRA – Fui empregado num campo de golfe na Ilha Terceira, depois aos 17 anos fui trabalhar para o Clube dos Oficiais Americanos, na Base Aérea da Terceira onde trabalhei até ir para a tropa, estive em Angola durante três anos, em 1973 regressei à Terceira e no mesmo ano vim para o Canadá. Aqui namorei a que é hoje a minha mulher, a Liduína casamos e fomos trabalhar para a fábrica da batata, a Hostess Chips, e mais tarde é que comprei o Mini – Market, já o tenho há 21 anos.

O REMATE – Sei que gosta de desporto, chegou a jogar futebol na Ilha Terceira.?
FRANK VIEIRA- Sim, joguei lá uns jogos porque a Base fez uma equipa juntamente com a Piex, a Polícia Aérea Portuguesa e os oficiais americanos e assim formamos quatro equipas para jogar futebol, mas foi só por uns tempos, até o Jorge Medina jogou pelo Piex, o Serreta, o Pedro que era guarda-redes do Vilanovense também jogou pelo Piex e outros jogadores.

O REMATE – Sei que veio novo para Canadá, que idade tinha.?
FRANK VIEIRA – Quando cheguei aqui ao Canadá eu tinha 24 anos.

O REMATE – A que se dedicou quando chegou aqui ao Canadá.?
FRANK VIEIRA – Quando cheguei fui trabalhar para uma fábrica de madeira chamada garden, na cidade, depois fui trabalhar para a Franklin, uma fábrica que era conhecida como a fábrica dos frigoríficos e depois fui então para a fábrica da batata onde estive a trabalhar 16 anos.

O REMATE – E como surgiu essa ideia de trabalhar por conta própria.?
FRANK VIEIRA – A ideia de montar um negócio foi mais da parte da Liduína porque ela foi sempre uma pessoa que gostava de ‘’stores’’ porque em nova trabalhou numa loja, trabalhou com a minha irmã numa loja que ela teve na cidade que é o Bairos Supermarket, como a Liduína sempre teve esse desejo acabamos por comprar o Mini-Market e cá estamos há 21 anos.

O REMATE - Sei que antes do Mini-Market teve outra loja, porque razão desistiu da outra.?
FRANK VIEIRA – O caso que me levou a desistir da outra loja é simples, sociedades nunca prestaram, na minha maneira de ver, meias só para as pernas e quando não estão rotas, foi uma sociedade em que nunca se deram bem, e só estive nesse negócio seis meses, nem sequer valeu a pena.

O REMATE –Sei que é uma pessoa muita activa e tem estado a trabalhar os sete dias da semana, sente-se cansado.?
FRANK VIEIRA – Não, eu não me sinto muito cansado, faço este negócio sete dias por semana por gostar muito dos meus clientes e das pessoas com quem trabalho dia a dia, sou capaz de estar mais 21 anos neste negócio porque eu adoro trabalhar assim, dizer que não estava cansado era uma mentira, porque as pessoas têm de compreender que todos nós ficamos cansados, para mais eu que já tenho 61 anos.

O REMATE – O Frank está sempre com um ar de bem disposto com os seus clientes, e não mostra os seus problemas, porque nós todos temos problemas, acha que estar sempre sorridente para os clientes tem influência no seu negócio.?
FRANK VIEIRA – Num sentido tem muita influência, se a gente mostrar má cara, eles não têm culpa dos nossos problemas, para além disso os nossos clientes fazem também muita força para que sejamos felizes com eles, a gente para ser infeliz só se estivermos a discutir sempre uns com os outros, como eles são agradáveis para nós, temos que retribuir e ser agradável para eles para que se sintam felizes e continuarem a ser nossos clientes, porque esta qualidade de negócio se não for os nossos fregueses e com o público não vamos a lado nenhum porque nós só somos donos para ter a chave na mão, de resto os clientes é que são os donos da loja e do negócio.

O REMATE – Isto de trabalhar sete dias por semana não afecta o seu convívio familiar.?
FRANK VIEIRA – Acho que não afecta muito a família, afectaria se a pessoa não fosse para casa, ou não convivesse com eles, mas eles vêm aqui ter com a gente, a gente vai também um bocadinho ter com eles, nós fazemos tudo para que os nossos filhos sejam felizes e se sintam bem, mas hoje em dia é muito difícil fazer com que a rapaziada nova se sinta feliz, porque a gente não vê aqui crianças que se sintam felizes, podem ter todos os brinquedos, e podem ter o máximo que se lhes dê, mas eles nunca estão contentes.

O REMATE – Tem feito muitos sacrifícios mais a sua esposa para o negócio ir em frente da maneira que está indo.?
FRANK VIEIRA – Todo este negócio vai com um bocado de sacrifício, e vai também muito do agrado dos nossos clientes ao serem servidos, a mim e à minha esposa o que mais nos interessa é ver os clientes abrirem a porta e entrarem com um sorriso, como quem diz, fomos bem servidos e voltamos. Aguentar uma mercearia durante 21 anos é preciso fazer muito sacrifícios, eu e a minha esposa, porque somos os dois os donos, não há mais ninguém a ajudar a não ser a senhora Zelzira Cabral que trabalha com a gente e que é como uma pessoa de família e não uma empregada, ela está sempre pronta a nos ajudar, nós temos muito a agradecer a ela tudo o que ela tem feito por nós, como a gente tudo tem feito por ela.

O REMATE – A crise que afectou o Canadá também afectou o teu negócio.?
FRANK VIEIRA – Todas as crises afectam lojas e outros negócios num sentido, não podemos dizer que estamos a vender o mesmo que antes, porque seria mentira, mas os nossos clientes continuam a vir porque há sempre alguma coisa mais barata e querem aproveitar, temos todos que trabalhar em conjunto, porque os portugueses para fazerem alguma coisa nesta terra, têm que viver todos unidos, se não for assim não se vai a lado nenhum.

O REMATE – Não existem aqui muitas lojas portuguesas, achas que há competição, e que falam mal uns dos outros.?
FRANK VIEIRA – A competição aqui na nossa cidade não é muito grande, o problema que eu vejo são certas invejas, se acabarem com a inveja e cada um trabalhar pelo seu negócio, na minha opinião, temos negócio para todos porque temos 32,000 portugueses a viver nesta cidade de Cambridge que dá para 7 ou 8 mercearias e para todos sobreviverem, só que as invejas são muitas e costuma-se dizer, quando a inveja é muita alguém tem de sofrer.

O REMATE – Se algum dia alguém dissesse que comprava o teu negócio, o Frank vendia.?
FRANK VIEIRA – Hoje acho que vendia, os anos vão passando, e estou quase chegando à reforma, tenho em minha casa um velhinho de 92 anos que precisa de muita atenção, a Liduína também se sente um pouco cansada, talvez mais do que eu, era muito fácil hoje vender a loja, mas se não for à pessoa certa não vale a pena porque vender hoje para fechar amanhã, é uma coisa que eu não gostava de ver e outros que já tiveram o Mini-Market como os Alegres, o Senhor José Carlos Simões e outros que passaram por aqui, seria uma pena para todos verem o Mini-Market com mais de 40 anos fechar por um motivo qualquer.

O REMATE – Entro muitas vezes na sua loja e vejo que vende muito peixe, será que a sua mercearia é aquela que mais peixe vende em Cambridge.?
FRANK VIEIRA – É difícil de saber porque cada um tem o seu negócio, só o povo é que pode dizer isso, não somos nós, cada um sabe de si e ninguém pode dizer que vende mais do que outro, é o publico que o pode dizer, tento sempre ter uma grande variedade de peixe para que o cliente possa escolher, se não tenho mais variedades é porque o preço do peixe está um bocadinho caro, e a gente não pode fugir muito.

O REMATE – Estamos a chegar à época da pimenta e sei que o Frank vende muita na sua mercearia. Qual o segredo para vender tanta pimenta?
FRANK VIEIRA – Vamos ver uma coisa, a qualidade da pimenta que durante os anos temos tido e tem chamado a atenção de muita gente, para além disso o preço também é bom, e o meu fornecedor tem pimenta que dá para servir a cidade de Cambridge e ainda resta, nós vendemos mais tarde para vendermos sempre seguido, não é vender e parar à espera de nova remessa, quando começamos a vender só paramos quando os clientes estão todos servidos, não mandamos buscar aos poucos porque queremos que todos sejam bem servidos.

O REMATE – Planos para o futuro.?
FRANK VIEIRA – Planos para o futuro só um, as nossas reformas, e vamos ver o que pode acontecer nestes 3 anos que faltam, mas ninguém pode prometer nada para o futuro, é costume dizer, para a frente é muito escuro e ninguém sabe o que acontecerá.

O REMATE – Para terminar, quer deixar alguma mensagem.?
FRANK VIEIRA – Quero que todos os nossos clientes estejam satisfeitos, se mais não fazemos é porque não podemos, e enquanto estiver à frente do Mini-Market tentarei estar sempre ao lado dos portugueses, ajudar em tudo em que eu puder, eu e a minha esposa Líduína e da nossa parte vai um grande abraço para todos os portugueses em Cambridge, Kitchener, Guelph, Hamilton, Brantford, todas as cidades que nos apoiam eu a Líduina e a Zelzira Cabral agradecemos do fundo do coração. Aproveito também para agradecer ao O Remate por tudo o que tem feito por nós, e espero que continuem em frente.


HILDEBERTO ALVES

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