Thursday, September 30, 2010

PÁGINA SOCIAL DO '' REMATE''


JOE RESENDES

UM HOMEM DE NEGÓCIOS


Joe Resendes nasceu na freguesia do Faial da Terra, concelho da Povoação, Ilha de São Miguel, Açores.

O REMATE – Com que idade veio para o Canadá.?
JOE RESENDES – Vim para o Canadá com mais ou menos seis anos, no mês de Março de 1974, logicamente vim com os meus pais, portanto estou a viver aqui há cerca de 36 anos.

O REMATE- Uma vez que eras bem novo, o que sentis-te ao ver a diferença entre os Açores e o Canadá.?
JOE RESENDES – Bem, nessa altura eu era ainda muito jovem, não dava para notar a diferença entre os Açores e o Canadá, só que cheguei no mês de Março e estava frio e neve, nessa altura caia aqui muita neve, portanto a coisa mais importante que notei na diferença foi o frio e a neve, em comparação com os Açores.

O REMATE – Quando aqui chegas-te foste logo para a escola?
JOE RESENDES – Claro que entrei logo para a escola, nessa altura estava a morar em Toronto, depois os meus pais mudaram-se para aqui, para Cambridge em 1977, e cá estou desde 1977 a fazer a minha vida aqui em Cambridge. No início foi um bocado difícil para quem vem dos Açores, como nós viemos e não fala o inglês, e entrar logo na escola foi um bocadinho difícil, mas como era jovem e os jovens aprendem rápido, portanto entrei bem no sistema e cá estamos a falar o inglês e o português, e saber duas linguas é sempre bom.

O REMATE –Como é possível conseguires te envolver em dois negócios ao mesmo tempo.?
JOE RESENDES – Bem, como aquele velho ditado diz, todos nascem para alguma coisa, eu acho que nasci para o negócio porque desde a idade dos 19 anos sempre trabalhei por conta
própria, saí do colégio onde fui tirar um curso de administração de negócios, quando saí voltei aos Açores com um grande amigo meu que é o Kelly da Costa, e começamos um negócio nos Açores, nessa altura era bastante jovem, tivemos esse negócio durante dois ou três anos e que acabamos por vender, e voltamos para cá o Kelly está a seguir uma carreira extraordinária que é a vender casas, e eu fiquei sempre no ramo de restaurantes e negócios, que é isso que eu faço, em 1992 comprei o meu primeiro restaurante que era o antigo Sereia, e a partir daí nunca mais parei.

O REMATE – Quando falas-te do negócio em sociedade com o Kelly nos Açores recordo-me que foi na Ilha de Santa Maria uma discoteca de nome chaminé, não foi.?

JOE RESENDES - É verdade, foi o nossos primeiro negócio, foi uma experiência que deu para aprender muita coisa na vida, foi de facto a Chaminé e tinhamos mais um sócio que infelizmente já não está entre nós que era o Paulo Sousa, como disse tivemos o negócio durante dois ou três anos, depois vendemos e cada um seguiu o seu caminho nos negócios.

O REMATE – Depois da Sereia que restaurantes tives-te?
JOE RESENDES- Em 1993 compramos a Sereia à irmã do Kelly, Luiza, que Deus lhe dê o céu, e á sócia senhora Maria Elias, a partir daí eu a minha irmã e o meu cunhado, eramos sócios, estivemos a explorar o restaurante cerca de 3 anos, nessa altura passamos aqui no Canadá por uma grande crise, e acabamos por fechar esse restaurante, fizemos uma pausa e passado mais ou menos 1 ano começamos com o Café Moderno, aliás, já foi com outra sociedade. Quando começamos o Café Moderno foi no cruzamento da Franklin e Avenue Road, comecei com um grande amigo meu, que também foi sócio, o José Silveira, quisemos começar com um local pequeno porque nessa altura ainda havia um pouco de crise e nós queriamos ver em que isso iria dar, depois o Joe Silveira teve outras ideias e foi abrir um negócio nos Açores, e eu fiquei sozinho no Café Moderno, o Café foi crescendo em clientela, graças a Deus muita gente suportou o Café Moderno, a quem muito agradeço pelo seu suporte, o espaço estava a ficar pequeno para os clientes que tinhamos, eu penso que foi a partir dos 6 ou 7 anos de já estar a explorar o Café que eu decidi mudar para a Elgin e Avenue Road, um espaço maior e que dava hipóteses de a gente fazer festas maiores e também ter uma cozinha maior para fazer mais trabalhos em termos de casamentos, batizados, aniversários, etc.

O REMATE – Joe, como nasceu a ideia de criares o Classic Catering.?
JOE RESENDES – Essa ideia nasceu no início, quando começamos o Café Moderno, quando mudamos para a Elgin era para ter uma cozinha para casamentos, só que os casamentos é só ao fim de semana, e nós decidimos acrescentar a parte da frente para ter um café aberto durante a semana para a judar nas despesas da renda, electricidade, e por isso veio logo de início a ideia dos casamentos. Para começar esse negócio tivemos que ver como isso ia trabalhar, de ano para ano fomos crescendo , e hoje em dia estamos cá com o Classic Catering, só que a parte do Café Moderno já não pertence a mim, foi vendido a uns moços da cidade, desejo sorte para eles porque já estão a explorá-lo há 3 ou 4 anos.

O REMATE – Como consegues arranjar tempo para dedicar a todos os teus negócios. ?
JOE RESENDES –Sim de facto gasto muitas horas entre o Classic Catering que são os casamentos ao fim de semana, durante a semana tenho portanto a firma principal juntamente com a minha irmã e o meu cunhado que é o Pinewood Heating and Air Conditioning, e também estou envolvido no Oriental em termos de fazer parte da direcção, quem sofre com isso logicamente é a família, tenho que dar grande valor à minha esposa por ela ter bantante paciência, mas ela também compreende que tudo isso faz parte da vida, e nós temos que trabalhar, mais a mais na idade que estou, para mais tarde com a ajuda da minha esposa não termos que trabalhar tantas horas, é aproveitar agora enquanto somos novos para mais tarde trabalhar menos, é este o nosso plano.

O REMATE – Como conseguiu os direitos de poder usar a sala de festas do Oriental.? Isso tem sido benéfico para as duas partes.?
JOE RESENDES – Não foi assim tão fácil como possa parecer para alguns, tenho de agradecer ao presidente dessa altura o senhor José Almeida, apresentei-lhe a minha ideia e ele aceitou de boa vontade e de braços abertos, depois ele passou isso aos outros directores que faziam parte da sua direcção, a maioria aceitou, mas alguns ficaram um pouco confusos, já estamos no terceiro ano e penso que muita gente já entende como isto trabalha e de facto trás lucros para o clube, o clube está a facturar dinheiro nesta altura o que antes não acontecia porque a cozinha estava sempre fechada e quem vinha fazer os casamentos fazia a conta das pessoas que iam casar e o Oriental não tinha nada a ver com isso, hoje em dia o Oriental ganha dinheiro com isso, lógico que também ganho algum, portanto acho que o Oriental está satisfeito, o presidente deste ano o senhor Mota tem me dito que as coisas estão a correr bem, estão satisfeitos. Existe um contracto entre o Oriental e o Classic Catering, temos o contrato assinado por mim e pelos antigos directores do clube, temos um prazo para uns tantos anos, e a partir daí temos a opção, se eles quiserem que eu fique mais dois ou três anos, aí a gente deve falar nessa altura.

O REMATE – Mudando de assunto, sei que gostas muito de futebol, não é verdade.?
JOE RESENDES – Comecei a jogar futebol depois de vir para cá, porque nos Açores ainda era muito jovem, quando cheguei aqui a Cambridge comecei logo a jogar no Oriental como juvenil, nessa altura o treinador era o senhor Arménio Cordeiro, depois passei para os juniores, e também joguei alguns anos nos juniores do Supersónics, depois passei para os seniores e voltei ao Oriental, joguei mais anos no Oriental, mas também joguei alguns anos no Supersónics.

O REMATE – Tens boas recordações desses tempos.?
JOE RESENDES – A gente já sabe como é o futebol aqui no Canadá. O que eu ganhei do futebol foram as amizades que fomos criando ao longo dos anos, os amigos que nós fizemos, os contactos com várias pessoas na nossa comunidade e fora da comunidade, portanto o futebol tem me dado muitas amizades, e com essas amizades vem os bons momentos depois do futebol.

O REMATE – Com tantos anos de envolvimento no futebol, quais foram para ti os melhores treinadores que tiveste.?
JOE RESENDES – Tem dois treinadores que me vem sempre à ideia na minha carreira, tanto faz ser na parte dos seniores e na parte da velha guarda, o senhor José António e o senhor Saúl Cabral, dois nomes, duas grandes pessoas, o José António sempre acreditou em mim, apesar de eu ser um pouco baixo para guarda-redes, quanto ao mister Saúl, já tinha sido meu treinador quando eu estava nos seniores e depois na velha guarda, ele é um homem extraordinário e bem conhecido na nossa comunidade, e meu grande amigo, desses dois homens só tenho é que falar bem.

O REMATE – Joe, se não fosse a vida que tens actualmente, achas que ainda tinhas forças para continuar a jogar.?
JOE RESENDES – Sim, forças há sempre, quando a gente quer a gente faz, com um pouco de exercício ainda dava para jogar, não nos seniores, mas sim na velha guarda.

O REMATE – já te sentes realizado, ou tens mais planos para o futuro.?
JOE RESENDES – O futuro a Deus pertence, mas estou satisfeito com a minha vida, estou saudável, os negócios há dias bons, dias maus, estou satisfeito com eles, portanto estou satisfeito com a minha vida em geral, quer na minha vida pessoal, com o meu casamento, com os meus colegas, por enquanto as únicas ambições que tenho é viver a vida bem, viver o dia a dia, conseguir que os negócios vaiam mais além daquilo que são, portanto são os objectivos de cada um de nós, viver com saúde e paz, depois vamos ver o que nos reserva o futuro.

O REMATE – Achas que a comunidade portuguesa, e não só, tem apoiado aquilo que fazes quer no Pinewood quer no Catering.
JOE RESENDES – Sim, a nossa comunidade de Cambridge e arredores tem me suportado bastante durante estes anos tanto faz ser em restaurante, como agora neste tipo de negócio que é instalação de máquinas aquecimento e de ar condicionado. Temos tido bastante apoio na malta portuguesa, seria bom se tivessemos mais porque há bastantes portugueses na nossa cidade, mas mesmo assim estou satisfeito, mas a gente está sempre à procura de mais especialmente dos comerciantes portugueses, suportar uns aos outros e tentar fazer a nossa comunidade ir mais longe.

O REMATE – Para terminar queres através do REMATE deixar alguma mensagem à nossa comunidade em geral.?
JOE RESENDES – Só quero mais uma vez agradecer a toda a gente em geral pelo apoio que durante estes anos nos têm dado nos nossos negócios, um muito obrigado a todos, e também o meu obrigado ao REMATE por ter feito este trabalho, um trabalho muito bom para a nossa comunidade, falar sobre o desporto que também dá para a gente distrair no nosso dia a dia, e não só, vocês tem feito um grande trabalho. Também quero agradecer às direcções do Oriental por me terem dado a oportunidade para fazer o que estou fazendo em colaboração com eles, um obrigado ao senhor José Almeia e à direcção deste ano, ao senhor Mota e ao Ricky Martins por me darem a oportunidade de eu fazer aquilo que estamos a fazer em conjunto.

HILDEBERTO ALVES

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