Friday, August 8, 2008

AS NOSSAS ENTREVISTAS


AS NOSSAS ENTREVISTAS

FRANCISCO VITÓRIA

O HOMEM DOS 4000
TOQUES NA BOLA

Francisco Vitória é natural da Vila Nova, Ilha Terceira.

O REMATE- Com que idade começou a jogar.?
F.VITÓRIA-Comecei com 12 anos a jogar numa praça com outros miúdos até que uma pessoa do Vilanovense viu lá uns 3 ou 4 miúdos mais habilidosos e levou a mim, ao meu primo José e ao Renato para os iniciados do clube. Aos 17 anos subi à primeira categoria e nesse mesmo ano devido a alguns pequenos problemas o Vilanovense fechou as portas por um ano e aí eu fui jogar para o Sport Clube Praiense, estive lá um ano e voltei ao Vilanovense e com 18 ou 19 anos fui convocado, sendo o mais novo dos jogadores, fui convocado para a selecção da zona da Praia da Vitória e nessa selecção jogou também o Bessa, mais conhecido por Jorge Medina. Portanto o Vilanovense e o Sport Praiense são as minhas equipas favoritas na Ilha da Terceira.

O REMATE-Nessas equipas chegou a ganhar algum título.?
F. VITÓRIA-
Em 1971 chegamos às meias finais com o Sport Clube Angrense.

O REMATE- Para ti qual o melhor treinador que tiveste na Terceira.?
F.VITÓRIA –
Para mim foi o Picanço que também foi dos melhores jogadores na Terceira. Ele era natural do Faial e com 18 ou 19 anos foi para a Terceira onde jogou no Sport Clube Praiense, no Lusitânia e no Vilanovense, foi o meu primeiro treinador nos iniciados, para mim era um maestro.

O REMATE –Nessa altura já havia na Terceira grandes jogadores, recorda alguns nomes.
F. VITÓRIA-
No meu tempo havia grandes jogadores como o Couto, o Carlos Alberto, o Eduardo do S.C. Praiense, o irmão o Jorge Alberto, o José Joaquim, o Narciso, o Jorge Medina, e houve um outro jogador que sempre admirei e que foi jogar para o Continente que foi o André, um dos melhores médios que conheci.

O REMATE – Até com que idade jogaste na Terceira.?
F. VITÓRIA-
Joguei até aos 20 anos, fui para Angola onde estive dois anos depois voltei à Terceira no dia 21 de Agosto de 1971 e já estava contratado para ir para o Lusitânia ou S.C. Praiense, o senhor Batista um dos responsáveis maiores do Praiense veio ter comigo e disse, custe o que custar para o ano vais jogar no Praiense, e eu respondi que não podia ser porque ia embarcar para o Canadá e assim foi, quando cheguei aqui fui treinar para o First Portuguse até que um dia os senhores João Botelho, Fernando Botelho, Adriano Martins e Artur Escobar foram a Toronto e disseram-me se eu quisesse jogar no Oriental que em dois ou três meses ficava legal no Canadá, vim jogar e o Oriental foi sempre a minha equipa do principio ao fim. Aproveito para dizer e agradecer a esses senhores que citei e ainda ao meu amigo Jorge Medina e ao senhor Germano Bairos porque foi ele que me deu o impulso para a minha carreira profissional numa fábrica aqui em Cambridge, se hoje estou bem e na reforma muito devo a estes senhores.

O REMATE- E jogaste muitos anos no Oriental.?
F. VITÓRIA –
Comecei a jogar no dia 3 de Maio de 1972 e só acabei no dia 1 de Setembro de 1979, na altura eu tinha 31 anos e não quis jogar mais futebol. Nessa altura já estava cansado e também devido há minha vida porque tinha medo de ter alguma lesão grave que podia comprometer o meu futuro, o Oriental bem insistiu, mas eu já tinha tomado a minha decisão de deixar o futebol, fiz a minha despedida contra o Mira Mar de São Miguel e os últimos jogos que fiz foi nos Açores onde estivemos em 1979 e jogamos em São Miguel, Pico, Santa Maria, Faial e Terceira.

O REMATE – Na questão de treinadores, quais os melhores que tiveste aqui no Canadá?
F. VITÓRIA –
Para já o treinador com quem gostei imenso de trabalhar foi o Saúl Cabral, um bom treinador com boa táctica, boa disciplina, tive vários treinadores no Oriental, mas foi do Saúl o que mais gostei.

O REMATE- E jogadores, colegas e adversários quais os que mais admiraste.?
F. VITÓRIA –
Para mim um jogador que sempre admirei e ficou gravado no meu coração foi o Artur, um excelente jogador e excelente homem, outro jogador que também admirei foi o Simão, e muitos outros como o Narciso, o Jorge Medina, para mim também um fantástico jogador e não posso esquecer um jogador que muita gente não fala dele e que passou por aqui que foi o Juca do continente e ainda o Tony Carlos e o Vitor Boga, grandes jogadores, nos mais jovens admirei entre outros o João Maciel e o Duartinho.

O REMATE – Chegaste a jogar na velha guarda?
F. VITÓRIA –
Já tentaram me levar para a velha guarda do Oriental, o Carlos Teixeira já falou várias vezes comigo para eu jogar e treinar. Eu e outros jogadores há anos fomos os fundadores da velha guarda do Oriental, mas joguei na velha guarda do Nacional da Madeira de Toronto onde jogava também o Carlitos, outro bom jogador, fomos campeões na Zona de Toronto e Mississauga e jogamos a final contra o First Portuguese. Quanto a jogar futebol na velha guarda não jogo mais, fiz o mês passado 60 anos e para jogar temos que cumprir com a palavra e agora não tenho tempo para isso, tenho que sair com a família e jogando futebol não dá.

O REMATE – Mas continuas a gostar de futebol, não é.?
F. VITÓRIA –
Claro que continuo a gostar de futebol e a prova disso é que já há 3 ou 4 anos todos os dias dou uns toques na bola, todos os dias às 9:30 da manhã estou nesta escola a dar toques na bola.

O REMATE – Como nasceu a ideia de passares algum do teu tempo a dar toques na bola.?
F. VITÓRIA –
Quando me reformei não queria parar de fazer exercício e então pensei comigo mesmo dar uns toques de bola, depois alguns miúdos começaram a ver e pediram-me para eu ensinar a eles como se dá toques na bola, e foi aí que tudo começou e agora tenho 14 ou 15 miúdos a quem ensino, são crianças entre os 10 e 15 anos.

O REMATE – Sei que na última Tourada que houve no Oriental pessoas disseram-me que tinhas dado 4.200 toques na bola sem ela cair no chão, em quanto tempo fizeste isso.?
F. VITÓRIA –
Isso começou pelo seguinte, estava lá uns amigos de Toronto e entre eles estava um amigo meu, o Francisco da Àgualva que me disse que tinha ouvido dizer que eu dava toques na bola e se eu queria dar 1.000 toques para o filho ver, o Mário Barbosa ao ver que eu ia dar uns toques veio para junto de mim e quando acabei de dar os 1.000 toques ele pediu para eu dar mais 1.000 e eu então fui de baliza a baliza e em redor do campo enquanto o Marinho foi buscar uma garrafa de água eu continuei e quando ele voltou eu já tinha dado 4.200 toques, isto no espaço de 1 hora, para 3.000 toques levo à volta de 3 quartos de hora.

O REMATE – Sentes previlégio de conseguires fazer isso.?
F. VITÓRIA –
Claro que sinto porque não é toda a gente que consegue é preciso ter equilíbrio para aguentar dar tantos toques, não há truque nisto é tudo feito ao natural, há rapazes que colocam a bola no pescoço e nas costas, mas isso é truques, eu é mesmo natural. Já recebi convites de Toronto para ir fazer uma demonstração em escolas, e agora o José Mário e o Fernando Marques entraram em contacto comigo para eu ir no dia 9 Sábado, mas como não posso ir porque vou a um casamento, vou ir no dia 10 dar uns 2.000 ou 3.000 toques na ganadaria do Fernando Marques porque vêm 3 ou 4 camionetes dos Estados Unidos assistir à tourada.

O REMATE – Para terminar queres deixar alguma mensagem.?
F. VITÓRIA –
Para todos os leitores do REMATE e para os meus amigos deixo um grande abraço e agradeço ao REMATE por esta entrevista e ter vindo ver eu dar estes toques na bola.

HILDEBERTO ALVES



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