Jogadores amuados fazem equipa de luxo
Futebolistas querem mudar de equipa, apesar de terem contrato e serem pagos a peso de ouro
Futebolistas pagos a peso de ouro sentem-se descontentes e querem mudar. Os contratos de longa de duração estão na moda, mas poucos os cumprem. É a nova realidade da Liga. Ou uma nova liga: a dos amuados. Problemas pessoais, melhoraria da situação financeira, ou, simplesmente, ambição profissional são os motivos mais invocados pelos futebolistas para trocarem de clube antes do final do contrato.
Neste defeso, em Portugal, proliferam os casos de jogadores insatisfeitos, situação que choca os adeptos, ainda em fase de habituação a uma conjuntura que começou a ser traçada há mais de uma década, no advento da Lei Bosman, uma avenida para a circulação de jogadores no espaço europeu
Importa saber, afinal, quem ganha e quem perde nesta nova conjuntura. Aparentemente, apenas perdem os adeptos, que vêem os ídolos partir, uma vez que os clubes portugueses dificilmente conseguem competir com os congéneres das ligas mais competitivas. As restantes peças do negócio não são afectadas. Pelo menos financeiramente... "Quando os jogadores são transferidos antes do final do contrato, os clubes são muito bem ressarcidos", argumenta Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol. Mesmo quando os clubes não querem vender, geram-se situações insustentáveis, pois dificilmente se consegue motivar um futebolista com a cabeça noutro emblema.
Os empresários também lucram e, muitas vezes, são acusados de forçarem as transferências. A ideia é refutada por Artur Fernandes, presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol (ANAF). "As opções são dos jogadores. Não faz sentido culpabilizar o agente. Os futebolistas são adultos e o agente limita-se a gerir a carreira, de acordo com os interesses do jogador", esclarece Artur Fernandes.
Curiosamente, o dia-a-dia dos clubes também é preenchido por histórias com um enredo diametralmente oposto. Por diversas vezes, e pelas mais variadas razões, são os clubes que gostavam de dar guia de marcha a futebolistas com contrato e são os jogadores que fazem prevalecer os seus direitos.
É, portanto, um jogo com duas bolas. No entanto, no futebol, só uma pode entrar em campo. E resta saber quem a consegue dominar por completo...
A novela do "escravo" Ronaldo
O assédio do Real Madrid a Cristiano Ronaldo transformou-se na grande novela do defeso. Um filme à escala global. O internacional português, herói dos adeptos do Manchester United, é um dos dez futebolistas mais bem pagos do Mundo, mas o presidente da FIFA, Joseph Blatter, não vacilou na hora de classificar como "escravatura moderna" o facto de o jogador não poder escolher livremente o clube onde deseja jogar, esquecendo-se que Ronaldo renovara contrato, também livremente, em 2007. Poucos duvidam que a carreira de Ronaldo deixará de passar por Madrid. Com ou sem muletas, Ronaldo acabará por vencer o braço-de-ferro.
A nível interno, há, também, descontentes de luxo. A ver:
Ricardo Quaresma. - O jogador do F. C. Porto, de 24 anos, tem contrato até 2011. O fantasista anda triste. No último dia do estágio Viseu, antes de seguir para a Suíça com a selecção, abriu a boca para dizer que estava hora de mudar de clube. Blindado por uma cláusula de rescisão de 40 milhões de euros e sem acordo entre F. C. Porto e Inter, é um caso para Jesualdo gerir... com pinças.
Lucho González - O jogador do F. C. Porto, de 27 anos, tem contrato até 2011. Ao contrário de Quaresma, Lucho parece conviver bem melhor com a indefinição. Esteve, no defeso de 2007, com um pé fora do Dragão. Não partiu, mas renovou, facilmente, os índices de motivação, realizando uma época de nível superior. Este ano, entretanto, já revelou a vontade de sair.
João Moutinho - O jogador do Sporting, de 22 anos, tem contrato até 2013. Em Maio do ano passado, renovava até 2013. De menino bonito de Alvalade, ídolo dos adeptos e referência no balneário, o médio passou a ser visto com outros olhos, depois de ter alegado problemas pessoais para sair. Perdeu-se a imagem do até então quase imaculado príncipe leão.
Luisão - O jogador do Benfica, de 27 anos, tem contrato até 2011. Mais um que aproveitou uma ida ao Algarve para demonstrar abertura para trocar de camisola. Luisão, um dos capitães das águias, revelou vontade de dar um passo em frente na carreira. Porém, a avaliar pelos desempenhos recentes, o gigante da Luz dificilmente irá para um clube de top.
Katsouranis - O jogador do Benfica, de 29 anos, tem contrato até 2010. Anda amuado e não disfarça. Na época passada, por pouco não se envolveu em confronto físico com Luisão, em Setúbal. Está no mercado, o que é uma das piores coisas que se pode dizer de um jogador que quer transferir-se. Para Katsouranis - e para o Benfica - seria bem melhor fosse o mercado a estar em cima dele...
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