Friday, October 16, 2009

AS NOSSAS ENTREVISTAS


AS NOSSAS ENTREVISTAS


FRANCISCO PEREIRA

UM DOS FUNDADORES
DO CLUBE PORTUGUÊS DE CAMBRIDGE




O REMATE – Qual o seu nome e de onde é natural?

FRANCISCO PEREIRA- O meu nome é Francisco Pereira, sou natural da Ilha do Faial e tenho 83 anos.

O REMATE – Tenho conhecimento que o senhor foi um dos fundadores do Clube Português de Cambridge, fale-nos de como aconteceu.

FRANCISCO PEREIRA – É verdade, fui um dos fundadores isso aconteceu em 1959 quando juntamos os poucos portugueses que estavam a morar nesta cidade e fizemos um piquenique num farm, e logo nessa reunião conseguimos angariar dinheiro para um colega que tinha vindo de Portugal de nome José Silveira e que tinha adoecido e por isso não pode trabalhar nem um dia e como disse, conseguimos juntar dinheiro para ele comprar uma passagem para voltar para Portugal, no ano seguinte, em 1960, formamos então o nosso clube. Eu e outros colegas tinhamos visto que podiamos formar uma clube e então fizemos uma reunião numa casa na South Street e propus que fizessemos um clube para mantermos a cultura portuguesa entre os poucos portugueses que nessa altura moraram aqui em Galt, hoje Cambridge. Fomos crescendo e penso que em 1963 compramos este terreno, e, se não estou em erro, foi em 1966 que construimos a primeira fase deste edifício. Foi difícil porque eramos poucos portugueses e para comprar os blocos e o cimento para as paredes da 1ª fase do clube tinhamos pouco dinheiro e então fomos desmanchar uma fábrica em Preston e aproveitamos os blocos para trazer os blocos para as paredes deste clube, mas o clube tem ido para a frente e estamos com ideias de fazer mais um melhoramento. Tenho que mencionar que tudo tem sido feito devido à boa vontade dos nossos portugueses quem têm passado pelas direcções do clube e fizeram o clube chegar onde chegou, o que temos foi tudo conseguido à base de voluntários.

O REMATE – Algumas pessoas chamam ao clube, o clube dos faialenses, porque será.?

FRANCISCO PEREIRA – O Clube nunca foi dos faialenses tanto que lhe digo que conheço bem a história deste clube e posso dizer que logo no princípio, na primeira direcção do clube tivemos dois irmãos do continente, o José Gregório que mora em London e o Manuel Gregócio que já faleceu, e de São Miguel um senhor chamado Vicente Pimentel, portanto em tempo nenhum este clube foi do Faial, talvez no início tenha tido mais faialenses como membros, mas não tem nada escrito que dissesse que era um clube faialense, isso eu posso garantir.

E digo mais, no início deste clube fomos auxiliados por um clube Português de Oakville, uma semana faziamos uma festa aqui, e na outra semana lá, reuniamos aqui é la porque eramos poucos aqui e em Oakville.

O REMATE – O senhor como fundador tem seguido o que se passa neste clube, qual a diferença que encontra entre o passado e as direcções actuais.?

FRANCISCO PEREIRA –Nos primieros anos havia a saudade e a necessidade de um convívio entre o nosso povo e essa foi a razão número um para promover e manter a cultura portuguesa aqui, fizemos muitos sacrifícios, mas as direcções que têm entrado tem trabalhado incansavelmente e feito muito pela cultura portuguesa como por exemplo esta festa de hoje. Hoje no seu discurso a presidente do cube mencionou que o clube começou do nada e homenageou esses fundadores, nós trabalhamos muito, mas eles não estão a trabalhar menos continuam com muito sacrifício a fazer tudo para manterem aquilo que nós criamos.

O REMATE – Nota-se neste clube e noutras organizações que falta malta nova para dar continuidade às nossas tradições, pergunto, onde está essa malta.?

FRANCISCO PEREIRA – Vou-lhe dizer uma coisa, quando a primeira fase deste clube foi construida havia um grupo de jovens portugueses que tocavam música todas as semanas aqui de graça, isto foi crescendo e foram sendo formados outros conjuntos, mas esses conjuntos vieram actuar e eram pagos e os originais nunca foram pagos, não critico ninguém mas o que eu quero chegar com isso é que a falta de comunicação através dos anos não atraiu os mais novos a virem para cá, lamento isso e gostava de ver os jovens tomarem parte como nós tomamos, penso que muitos deles seriam capazes de faze isso mas penso que nunca houve uma porta aberta, as pessoas de mais idade gostavam disto por duas razões por motivo da cultura e outro para terem um lugar, um centro onde se entretessem, os novos tinham a sua maneira de ser, não digo que se desentenderam, mas não havia aquele centro de atracção para juntar os novos com os velhos, sei que tem gente nova envolvida no clube, mas gostaria de ver muitos mais envolvidos. Já estou com uma idade avançada e eu e os meus familiares trabalhamos incansavelmente para este clube, mas estou confiante que isto vai continuar por muitos mais anos, por exemplo eu tenho conhecimento que nos Estados Unidos há muitos clubes muito mais antigos que este e eles continuam mantendo essas tradições, mas para isso envolveram muita gente nova, nós os mais antigos fizemos uma vida mais amarrada com Portugal, hoje os mais jovens uma parte deles não conhecem nada de Portugal, mas espero que haja uma coligação entre os mais antigos e os mais novos e que assim pudessemos trazer parte dessa mocidade para cá para continuarem a promover aquilo que nós criamos. Agradeço a sua entrevista e posso dizer que sinto muito orgulho deste ter sido o primeiro clube português no Canadá a ter a sua própria sede, foi o primeiro clube a promover a primeira festa do Espírito Santo no Canadá e outras coisas mais, tivemos muita sorte porque tinhamos pessoas com muita vontade para manter viva a cultura portuguesa, por exemplo hoje estamos aqui reunidos porque temos uma direcção no clube que é muito dinâmica e trabalha por amor ao clube e não por dinheiro.



HILDEBERTO ALVES

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