Sunday, November 14, 2010

PÁGINA SOCIAL DO '' REMATE ''


FRANK MONTEIRO , UM PORTUGUÊS VEREADOR NA CÂMARA DE CAMBRIDGE


FRANK MONTEIRO, é natural de Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores. Emigrou para o Canadá com a família quando tinha 14 anos, no dia 10 de Abril de 1966, Domingo de Páscoa.
Frequentou a escola primária e quando veio para o Canadá estava quase a acabar o primeiro ano no Externato de Santa Maria.

O REMATE – Vieram directamente de Santa Maria para esta cidade de Cambridge, que na altura se chamava Galt.?
FRANK MONTEIRO – Foi sim, viemos directamente para aqui porque os meus tios, quer irmãos da minha mãe, quer do meu pai, viviam nesta cidade, o meu pai foi trabalhar para uma fábrica de carpintaria, foi essa fábrica que o contratou para vir para o Canadá.

O REMATE – Quando vieste para cá ainda tinhas idade de frequentar a escola.
FRANK MONTEIRO – Sim, estive aqui na escola, tirei um curso de desenho, fui desenhista desde a idade de 18 anos até ir para polícia com quase 24 anos.

O REMATE – Então antes de seguires a carreira de polícia ainda tiveste outra actividade laboral.
FRANK MONTEIRO – Trabalhei no curso que tinha tirado que era Desenho de Arquitetura.

O REMATE – E como aconteceu ires para agente de autoridade.?
FRANK MONTEIRO – Em Santa Maria o meu padrinho, José Puim era polícia, e eu tive sempre aquela coisa na cabeça, mas era uma coisa com a qual eu não me preocupava. Um dia ao ler o jornal vi uma notícia em que estavam à procura de um polícia para uma cidade perto daqui, quando eu li o artigo, veio de novo à memória o desejo de ser polícia, claro que não era para essa cidade pequena, mas sim tirar o curso. Nessa altura eu conhecia um Sargento Ajudante da polícia daqui, cheguei a namorar com uma filha dele, e ele gostava muito de mim. Depois de ver esse artigo no jornal fui falar com ele, e ele deu-me força e disse-me, porque não aplicas para seres polícia, e então fiz a aplicação. Na primeira aplicação que fiz, eu passei em tudo, mas não passei no ditado, tive alguns erros porque as palavras que eles usam para fazer esse teste não são palavras que se usam todos os dias, então eles deram-me um mês para eu aprefeiçoar, eu tenho uma nemória mais ou menos fotográfica que, quando vejo uma palavra eu lembro-me dela. Fui depois fazer um novo teste e passei.

O REMATE – E demorou muito tempo para começares os exames e os treinos.?
FRANK MONTEIRO – Não demorou muito, um mês ou dois depois do teste recebi uma chamada para ir a uma inspecção médica, na altura o médico que fazia as inspecções estava de férias e eles disseram para eu ir ao meu médico de família, eu sabia que era preciso ter uma certa altura e um certo peso, altura eu tinha, mas o peso estava a baixo das 160 libras exigidas, até aconteceu uma cena engraçada, nesse dia eu bebi dois quartos de litro de leite, e eu não fui à casa de banho embora tivesse vontade, assim o meu peso ficou pertinho, passei, e esperei mais um mês ou dois, continuei a trabalhar como desenhista, até que um dia recebi um telefonema de um homem que trabalhava nos recursos humanos, ele tinha uma voz mesmo do tipo de quem é tropa, eu fiquei sem palavras porque sabia que muitos já tinham experimentado e náo tinham passado na altura, isto em 1975, era um problema para entrar na polícia, fui lá e nesse dia deram-me a informação toda daquilo que precisava fazer. Entrei depois para a Ontário Police College, todo aquele que é polícia no Ontário tem de pasar por aquele Colégio, tudo correu bem, e recebi a farda no dia 5 de Outubro de 1975. Continuei a tirar os outros cursos que era preciso tirar, depois fui para a patrulha com um polícia que nos dava um treino, estive com ele durante uns seis meses, voltei de novo ao Police College onde acabei os outros cursos, e quando voltei já comecei a trabalhar sozinho.

O REMATE – E começas-te logo aqui nesta cidade.?
FRANK MONTEIRO – Na altura comecei em Preston, que já era Cambridge porque a polícia tinha um posto em Preston, outro em Galt e em Hespeler, entretanto o posto de Hespeler fechou e passamos a tomar conta também de Hespeler, estive aí uns dois anos e depois fui colocado no Posto de Cambridge na Ainslie St., onde estive também uns dois anos, Em 1979 passei para o Departamento de Drogas, eu era novo e eles queriam era polícias com aparência jovem nesse departamento, estive aí uns tempos como polícia secreto, mas depois tive que trocar porque ao fim de algum tempo ficamos muito conhecidos, mas continuei no Departamento da Droga porque a nossa polícia emprestou-me e a um outro colega para outro lugar e fazia serviço em outras cidades como Toronto, Missussauga. Depois disso fui colocado numa secção onde trabalhavamos com crianças e adolescentes até aos 18 anos de idade, era um serviço totalmente diferente, porque lidar com adultos é uma coisa, e com crianças é outra, aprendi que para lidar com crianças não se deve usar a brutalidade porque os jovens passam por uma fase de revolta contra os pais os professores, a escola, e nessa altura temos que ter uma certa maneira de falar com eles e tentar compreender os seus problemas. Também trabalhei na secção de detectives e depois na de Homicídios, foi também uma grande experiência para mim, andava sempre a mudar, não dava para a aquecer a cadeira, como se diz.

O REMATE – Em que ano foste promovido a Sargento.?
FRANK MONTEIRO- Fui promovido a Sargento em Agosto ou Setembro de 1990, e pedi para voltar para a patrulha onde gostava mais de estar, fiquei encarregado dum poletão de 22 polícias, tudo rapaziada nova, como gosto de ensinar, também gostei de parender com eles as suas novas ideias, e foi na patrulha que acabei a minha carreira como polícia.

DEPOIS DA POLÍCIA, A POLÍTICA

O REMATE – Portanto, depois da Polícia, a Politica, o que te levou a te candidatares a Vereador Municipal.?
FRANK MONTEIRO- Esta ideia já tem uns 6 ou 7 anos, omo era polícia português e já era Sargento, quando o Clube Português, o Oriental ou outra organização faziam certos eventos convidavam alguns políticos e eu era convidado para representar a Polícia do Waterloo, então falava com alguns deles, mas esse meu pensamento era para o futuro porque eu não ia deixar a polícia, um serviço que muito gostava, para ir para a política, pensava em ser vereador só depois da reforma, não por causa do dinheiro porque felizmente tenho uma boa reforma, mas como ainda sou novo e estar reformado sem ter nada pra fazer ia ser ruim, além disso gosto muito de lidar com as pessoas, e sabia que as pessoas confiavam em mim, até me pediam conselhos, não só portugueses como de outras étnias, para mais alguns políticos, mesmo o presidente da Câmara me convidavam para almoçar e aí falavamos nisso, também falava nisso com a minha namorada, a Fátima Pinheiro que já tinha concorrido em Toronto para a directoria das Escolas e ela deu-me o seu apoio e força, mas eu também tinha o meu orgulho e temia concorrer e perder e o pessoal ia começar a falar e a dizer, ele pensava que ia ganhar, mas perdeu, mas depois pensei, se eu perder também outros já o tentatam e perderam, não serei o primeiro, e fui em frente.

O REMATE – Sei que fizes-te uma festa de despedida de polícia e foi aí que tomaste a decisão final, não foi.?
FRANK MONTEIRO – Sim, o meu último dia de trabalho na polícia foi a 6 de Junho, e eu fiz uma festa no Clube Oriental, era para ser uma festa só com alguns amigos e os meus familiares, mas depois pensei, eu conheço a comunidade quase toda, porque não os convidar, e assim fiz e posso te dizer que estiveram nessa festa mais de 1500 pessoas, foi uma festa bonita, houve música com o conjunto Tabú e como era vésperas do São João até fizemos uam fogueira, foi uma noite bem passada, e então foi aí que comuniquei às pessoas que me ia candidatar a vereador, entretanto fui de férias e quando regressei em Julho comecei a tratar de tudo.

O REMATE – Geralmente um candidato conta sempre com o apoio de firmas e empresários, tiveste esses apoios.?
FRANK MONTEIRO – Tive muitos apoios de muitos empresários que me ajudaram muito, mas houve um que me apoiou imenso em tudo que foi o Albertino Domingos dono do Cambridge Meat Packers, eu já o conhecia há uns 5 anos, e ficamos muito amigos, ele era e é como um irmão para mim, mesmo antes de eu pensar na política.

O REMATE – Desde o início da tua campanha tinhas na ideia que poderias realmente vencer no teu bairro.?
FRANK MONTEIRO – Á maneira que eu ia batendo às portas das casas do meu bairro, fiz isso duas vezes, eu falava com o pessoal, e muitos falavam comigo mesmo pela rua, aí eu vi que havia um apoio da comunidade em geral, não só dos portugueses como os italianos, os indianos, muçulmanos, canadianos, eu via que podia ter possibilidades de vencer porque o pessoal era muito aberto comigo, porque considero-me uma pessoa aberta e divertida, mesmo na polícia eu tratava todos, dos mais altos aos mais baixos, sempre com respeito, portanto eu falava com todos fosse numa loja, no cinema, em qualquer lugar eu arranjava tempo para falar com todos, e acho que foi isso que me ajudou na campanha.

O REMATE – Houve um dos candidatos ao teu bairro que me disse mais ou menos assim’’ Larry, o Frank poderá ser o eventual vencedor porque é considerado o rei da comunidade portuguesa.’’ O que achas a este desabafo de um dos teus adversários ( entre aspas) na corrida pela vitória.?
FRANK MONTEIRO – Isso de rei dos portugueses são palavras dele, como sabes sou uma pessoa muito conhecida na comunidade não só dos portugueses, não fui eu quem inventou este título, a comunidade é que fez isso, um dia em conversa com o senhor Padre Cunha que conheço à muitos anos, ele também gosta de brincar e um dia disse-me ‘’ tu és o grande principe da nossa comunidade’’. De facto essa pessoa disse-me isso também, e falou que quando pôs o seu nome para concorrer ao bairro 7 disse às suas filhas e elas disseram, o pai escolheu o bairro errado porque para concorrer contra o Fank polícia vai ser difícil o pai ganhar, eu só conheço as filhas de vista, mas elas conheciam-me a mim, foi nessa altura que ele me disse que devia ter concorrido por outro bairro, mas já era tarde.

O REMATE – Qual foi o teu slogon de campanha.?
FRANK MONTEIRO – Foi ‘’Works with us, works for us’’, que em tradução portuguesa dá mais ou menos isto ‘’ trabalha com a gente trabalha para nós’’.

O REMATE – Quais as promessas que fizeste durante a tua campanha.?
FRANK MONTEIRO – Eu não fiz promessas a ninguém que baixar as contribuições, que ia fazer isto ou aquilo, quando eu fazia uma palestra qualquer, a primeira coisa que eu dizia era, eu não prometo nada, porque eu não sei o que está à minha espera, eu não tenho o provilégio de saber o que está nos livros, o que prometi foi, trabalhar para eles e eles trabalharem para mim, eu tinha algum connhecimento do que se estava a passar porque depois que me candidatei eu ia às reuniões dos conselheiros, sei que tenho muito que aprender, mas Laurénio repara nisto, pelo que eu vejo todo o pessoal que entrou para o governo municipal também não percebia muito de política porque, um era professor, outro gerente de um banco, eles aprenderam, e eu também vou aprender, embora já tenha as minhas ideias do que quero para a comunidade.

O REMATE – O HST, os transportes e as contribuições são actualmente temas quentes, são problemas em que te vais debruçar na câmara.?
FRANK MONTEIRO – Tem certas coisas que não pertence ao governo municipal, tem certas leis que são feitas pela província, outras pelo governo federal, mas por exemplo essa coisa das contribuições das casas é municipal, eu notei que as nossas contribuições estavam a subir duas vezes mais do que a inflação nos últimos 10 anos, é verdade que a Câmara tem de fazer dinheiro para poder limpar a neve, tratar das estradas e dos esgotos, e esse dinheiro tem de vir de algum lado, mas também temos que ver o que o pessoal pode pagar, porque quem muito abarca pouco aperta, e vai chegar um dia em que o pessoal não vai poder pagar as taxas, porque com o aumento do preço da electricidade, com o novo HST e outras coisas mais vai ser difícil conseguir controlar a nossa vida. Ouve uma coisa, eu tenho também as minhas ideias acerca desse sistema solar e outros que a Câmara aderiu, eu também gosto do verde não vamos poluír o nosso ar, a nossa água porque precisamos disso para os nossos filhos, netos, enfim, para o futuro da humanidade. O Canadá é o país mais avançado no mundo na questão do sistema nuclear, hoje tudo é feito à base da electricidade, pois sem ela não podemos fazer nada, por isso temos de utilizar o sistema nuclear, essa coisa do eléctrico não é municipal, é provincial, mas podemos fazer um acordo, e eu gostava de juntar os políticos tanto faz municipal como provincial eles falam uns com os outros, e se houver uma grande pressão do Governo Municipal, aquele que vai concorrer para um posto provincial ou federal, se não tiver o apoio do governo municipal, ele não chega a lado nenhum, isto é uma das questões que eu quero ver resolvidas. Quanto aos transportes eles querem fazer agora um light Rail, nós não podemos porque a despesa é um bilião de dolares, e da maneira que está desenhado aquilo não funciona, para fazer face a essa despesa vem dinheiro dos federais, vem da provincia, mas ao fim e ao cabo Cambridge não fazia parte disso, começavamos a pagar logo no princípio, mas não chegava a Cambridge era só para Waterloo e Kitchener, fica aqui um exemplo, eu compro um carro contigo, pagamos metade cada um, mas nos primeiros dois anos só eu vou conduzir o carro, tu apenas pagas e não o usas, como vês isto assim não dá, eu fui contra isso logo no início, claro que vamos precisar de renovar o problema do transito, mas aquele esquema não serve para Cambridge. A primeira vez que fui a um debate, eu fui um dos primeiros a falar neste assunto, pensei para mim, ou vou me enterrar ou então me safar, depois vi que os outros pensavam como eu, também eram contrários à ideia.

O REMATE- E quanto à baixa da cidade, como sabes está transformada numa zona sem movimento, será que não se pode fazer algo para mudar isso.?
FRANK MONTEIRO - Outro problema é a baixa de Cambridge, hoje em dia está uma cidade morta, eu lembro-me quando aqui cheguei que a baixa era um lugar muito movimentado, para fazer face a isso eles querem instalar um teatro na baixa, a cidade prometeu 6 milhões de dólares, o governo federal outros seis milhões, e o governo provincial mais seis milhões, mas fica a faltar 3 milhões que a câmara tem de pagar, isso seria uma boa ideia, irá dar mais movimento à baixa, vai proporcionar mais empregos, a abertura de mais restaurantes, e assim movimenta mais Cambridge, nasci em Sana Maria, mas cresci e me fiz homem nesta cidade por isso a adoro, e quero vê-la movimentada como antigamente se via.

O REMATE – Se algum dos eleitores do teu bairro, tiver dificuldades de qualquer género e precisar de uma juda tua, estás pronto a ajudar.?
FRANK MONTEIRO – Laurénio, olha que ainda não entrei, o dia que vou começar é no dia 6 de Dezembro, mas repara nisto, ontem recebi uma mensagem electrónica de um velhote, ele está na reforma, vive sozinho e diz que as condições monetárias dele são muito baixas, a casa é suportada pelo governo municipal, e ele diz que já falou com muita gente e ninguém o ajuda, eu respondi a essa mensagem onde eu dizia que ainda não estava em funções, mas pedi o seu endereço, e amanhã ou depois vou ver as condições em que ele mora e vou tentar ajudá-lo, não vou fazer milagres, porque não sou melhor que os outros. Eu estou na reforma, tenho tempo, vai haver muitas coisas que eu em vez de responder por telefone, posso ir pessoalmente lá, quero fazer o melhor possível por todos os que precisarem da minha ajuda.

O REMATE – Para terminar esta longa conversa, queres deixar alguma mensagem e algum agradecimento.?
FRANK MONTEIRO – Aproveito esta oportunidade para dizer a todos que estou sempre ao vosso dispôr e tentarei ajudar naquilo que for possível a nível de governo Municipal, todos serão atendidos por mim com toda a atenção, e juntos procuraremos resolver os seus problemas. Também quero agradecer ao Remate, ao senhor Albertino Domingos, e a todos aqueles que me ajudaram na minha campanha eleitoral, foram extraordinários a colaborar, e agradecer também a todos aqueles que votaram por mim nestas eleições e vou procurar dar o melhor de mim para não os desfraudar.

Os nossos agradecimentos ao amigo Frank Monteiro por se ter disponibilizado para nos conceder esta entrevista, e felicidades.


LAURÉNIO RESENDES

No comments: