Tuesday, November 30, 2010

PÁGINA SOCIAL DO '' REMATE''


FELÍCIO INÁCIO

UM DOS PROPRIETÁRIOS DA GARAGEM
‘’ TF AUTO SERVICE & SALES ‘’


O REMATE – De onde és natural.?
FELÍCIO INÁCIO – Sou natural da freguesia dos Arrifes, São Miguel, Açores.

O REMATE – Com que idade veio para o Canadá.?
FELÍCIO INÁCIO- Na altura eu trinha 8 anos de idade, foi no ano de 1969

O REMATE – Tem uma história curiosa na sua vida, nasceu na Ilha de São Miguel, foi criado na Ilha das Flores. Pode contar como tudo aconteceu.?
FELÍCIO INÁCIO – Bem, o meu pai é natural de São Miguel e a minha mãe é natural da Ilha de Santa Maria. Meu pai era contratado para fazer os postes da luz, meu pai foi para Santa Maria trabalhar lá, e lá nasceu o meu irmão mais velho, depois voltou para São Miguel, foi quando eu nasci, depois ele foi contratado para ir para a Ilha das Flores, fui para as Flores com a idade de seis meses, portanto foi aí que fui criado até à idade de oito anos, quando viemos para o Canadá, tive uma irmã que nasceu nas Flores e aqui no Canadá nasceu mais um irmão e uma irmã.

O REMATE – Quando chegou aqui foi logo para a escola.?
FELÍCIO INÁCIO – Chegamos aqui em Dezembro e começamos a escola logo a seguir.

O REMATE - Também sei que começou a trabalhar muito novo, com que idade começou.?
FELÍCIO INÁCIO – Comecei com a idade de 13 anos a limpar uma estação de gasolina, onde tinha também mecânica, depois passei a por gasolina nos carros e depois comecei remendar pneus, trocar pneus e daí é que começou a vida de mecânico.

O REMATE – Porque razão começou a trabalhar tão cedo.?
FELÍCIO INÁCIO – Tudo aconteceu da seguinte maneira, nessa altura eu tinha uma bicicleta velhinha e um dia fui pôr ar nos pneus. Essa garagem era perto da minha casa, eu depois de pôr o ar nos pneus enrolei a mangueira e coloquei no seu lugar, entretanto o dono da garagem veio ter comigo e perguntou-me se eu queria trabalhar com ele, eu fiquei surpreso com a pergunta e ele disse-me que eu tinha sido o único rapaz que tinha usado a mangueira de ar e a tinha colocado no seu lugar, porque quase todos usavam e deixavam tudo no chão e vão embora, eu falei disso com o meu pai e ele deu-me autorização, e assim, quando eu saía da escola ia para a garagem trabalhar. Depois tirei a minha carta de mecânico e fui trabalhar para a Fina, que hoje em dia se chama Petro Canadá. Ainda trabalhei aí 5 ou 6 anos e depois fui contratado para trabalhar na GM, fui tirando cursos de trabalho electrónico e motores, depois a garagem foi vendida ao Dennis Murphy, estivemos 5 ou 6 anos no mesmo lugar, depois fizemos uma garagem nova aqui em cima, nessa altura eu era ‘’foreman,’’ entretanto o contrado da GM com o Dennis Murphy acabou, eles deram-me a oportunidade de ir trabalhar para outra GM, mas eu pensava era em trabalhar por conta própria, e então juntamente com o meu manager daquele tempo, que hoje é meu sócio, pensamos abrir uma garagem por conta própria, porque os fregueses do Dennis Murphy não tinham garagem para onde ir, o Dennis disse que me dava a lista dos seus antigos clientes, foi bom ele ter dado aquela lista à gente, porque não iamos abrir uma garagem e ficar à espera de aparacer clientes, graças a Deus hoje em dia tenho 20 ou 30 por cento dos fregueses que tinhamos no Dennis, fora os novos que temos agora aqui. Em Janeiro faz 1 ano que estamos abertos e felizmente tem corrido tudo bem, dá para pagar os ‘’ bills’’, como se diz.

O REMATE- Tem cursos de mecânica, mas sei que o seu maior gosto é a electricidade, isso é verdade.?
FELÍCIO INÁCIO – Eu sempre trabalhei nos electrónicos do carro, em falhas do motor, eu nunca gostei muito de estar a sujar as mãos, problemas electrónicos é o que gosto mais e estou mais habituado, na GM eu ganhei prémios foi nessa área de electrónicos.

O REMATE – Quantas pessoas trabalham aqui nesta garagem.?
FELÍCIO INÁCIO- São nove pessoas que trabalham aqui, contando com a gente os dois, são 4 mecânicos, 5 comigo, temos uma pessoa de ir levar e buscar os fregueses a casa, uma rapariga que trabalha na recepção, e temos uma senhora que telefona a todos os fregueses no dia a seguir ao trabalho que fizemos no carro, para saber se está tudo bem e se estão satisfeitos com o trabalho que nós fizemos, fazemos aqui da mesma maneira que faziamos no Dennis Murphy, só que é tudo em ponto mais pequenino.

O REMATE – Tens algum familiar a trabalhar aqui contigo.?
FELÍCIO INÁCIO – Tenho o meu irmão Manuel António que já trabalhava para mim na GM, veio comigo e tenho o Paulo Figueiredo que é um mecânico especializado em qualquer modelo de carro, tem outro rapaz de nome Joe que veio de Brampton, que também trabalha em qualquer modelo de carro, é especialista em carros como Mercedes e BMW, tem um rapariga que está agora a estagiar para tirar a sua carta de mecânico, que troca pneus, muda os óleos, ela está no quarto ano de estagiária e é muito esperta.

O REMATE – Sei que quando vieste para cá a tua paixão era jogar futebol, era mesmo.?
FELÍCIO INÁCIO – É verdade sim, naquele tempo era o Supersónics do Ernesto Bairos, eu e o meu irmão sempre fomos doidos por jogar futebol, mas naquele tempo o meu pai dizia, vais é trabalhar para ganhares dinheiro, mas lá conseguimos convenver o meu pai com a ajuda da minha mãe e eu o meu irmão Gualter fomos jogar para o Supersónics, o Ernesto vinha buscar a gente porque jogavamos em muitos lugares, depois o meu irmão foi para o Torreense de Kitchener e eu fiquei no Supersónics, depois fui contratado para ir para os Torreenses e também joguei lá, e foi lá que deixei de jogar futebol.

O REMATE – Quando jogou no Supersónics ganhou algum troféu.?
FELÍCIO INÁCIO – Para dizer a verdade faziamos jogos amigáveis e até fomos à América, ganhamos algumas taças, mas nunca ganhamos títulos nos jogos oficiais do Supersónics.
O REMATE – Do teu tempo recordas alguns jogadores do Supersónics que foram bons jogadores.?
FELÍCIO INÁCIO- Recordo sim, o João Bate Chapas, que tem a garagem do Cambridge Auto Repair, sempre fomos amigos desde o futebol, o Fernando Cabral, o Tony Silva, naquele tempo era ele que trazia a água para a gente, começou nisso e acabou por ser um grande jogador, cheguei a jogar com o Borges, o Luís Salsa, o João Maciel, o Artur, o Cordeiro e muitos mais. Joguei até aos 20 anos porque me lesionei num joelho e tinha de ser operado para poder jogar, mas como não pensava em fazer vida do futebol, deixei de jogar, naquele tempo as operações eram diferentes e nunca se sabia se ficavamos bons, por isso desisti.

O REMATE – Sei que tens outro desporto favorito, qual é?
FELÍCIO INÁCIO- É a caça, tenho cinco cães, meu pai era caçador e sempre tivemos cães de caça, eu caço várias qualidades de animais, ao coelho, ao veado, já cacei ao Mouse, mas agora é só caça aos coelhos e à lebre.

O REMATE – Então aos fins de semana vais para a caça, não é.?
FELÍCIO INÁCIO- Os únicos divertimentos que eu tenho é a minha família e a caça.

O REMATE – Continuas a ver o futebol local.?
FELÍCIO INÁCIO- Com deixei cedo o futebol de que eu gostava tanto ao princípio ainda ir ver, mas ficava com vontade de também jogar, e como não podia deixei de ir ver os jogos.

O REMATE – Qual a tua equipa preferida nos Açores.?
FELÍCIO INÁCIO – Eu vim de lá muito novo, não ia ver futebol, mas o meu pai ia, por isso não tenho uma equipa preferida, mas em Portugal gosto do Benfica e também gosto de ver jogar o Real Madrid e o Manchester United. Aqui o meu coração está sempre com o Supersónics, gostei deles terem sido campeões, e hoje em dia gostava de estar também envolvido, mas a vida não dá para tudo.

O REMATE – Para terminar queres deixar alguma mensagem.?
FELÍCIO INÁCIO – Aproveito para agradecer a todos os fregueses portugueses que temos hoje em dia, e dizer a todos aqueles que me conhecem se um dia quiserem vir cá as portas estão abertas, mesmo que seja só para vir ver a gente, e se eu os puder ajudar, não tem problema nenhum.

HILDEBERTO ALVES

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