OS CLUBES AÇORIANOS E A SUA HISTÓRIA

MARÍTIMO SPORT CLUBE

SÃO MIGUEL, AÇORES

Fundado no dia 26 de Janeiro de 1935 o Marítimo Sport Clube é uma das "históricas" colectividades do futebol açoriano. No ano de 1934 começaram os preparativos para criar a equipa de futebol da Calheta.

Os sócios fundadores que deram entrada no governo civil para a aprovação dos estatutos foram: José Carvalho Valério, António Plímpio Soares de Sousa, João Ferreira Travassos, João Carvalho Dias, António Medeiros Ramos, Álvaro Soares do Carmo, José Domingos Cipriano, Joaquim Arruda Coutinho, José Cristiano Sousa Jr, Germano Joaquim Madeira, Paulo Batista Vasconcelos, Urbano de Medeiros Helhazar, Álvaro Carreiro, José Hipólito de Melo e Jaime Vieira.

Os melhores momentos da história do clube foram passados nos anos cinquenta e setenta com a conquista de diversos títulos de campeão de São Miguel e diversas Taças de São Miguel. Apesar de nunca terem detido a hegemonia do futebol regional, o Marítimo sempre foi um dos conjuntos mais poderosos do futebol açoriano.

O seu principal rival foi, desde sempre, o Santa Clara, pelo facto dos clubes serem provenientes de zonas piscatórias e contarem nas suas equipas com vários pescadores.

O primeiro campeonato ganho pelo Marítimo foi em 1941/42, numa época de ouro para o clube da Calheta que juntou ao campeonato a primeira Taça de São Miguel. Nessa equipa já estavam a surgir muitos jogadores que viriam a conseguir ganhar mais dois campeonatos nos anos cinquenta – 1953/54 e 1954/55. A equipa do Marítimo só não conseguiu ganhar o campeonato 1955/56 porque na última jornada empatou diante da União Sportiva, no campo Jácome Correia e perdeu a possibilidade de vencer três campeonatos consecutivos.

Quando a maioria dessa equipa abandonou o futebol – António Viúva, Hildeberto, Armando, Manezinho, António Augusto (Bacalhau) – o clube perdeu algum fulgor, que seria recuperado na década de setenta com a conquista de três campeonatos de São Miguel, em quatro anos.
Nessa altura havia mais uma fantástica geração de atletas, naturais da Calheta, que tinham devolvido as grandes vitórias ao clube.

Grandes dirigentes

Ao longo dos anos passaram pelo Marítimo uma grande equipa de dirigentes que permitiu engrandecer o historial da formação da Calheta. Vice-almirante Ernesto Allen, Eduardo Pereira Raposo, Joviano Pereira Raposo, Luís de Lima Paiva, Henrique Carvalho Valério, João de Melo Jr, João do Rego Bettencourt, Joaquim Trindade, Alcindo Coutinho, Fernando Pereira Nunes, Manuel Pedro Portela, José Francisco Carreiro Raposo, Humberto Rodrigues, Manuel Carvalho Valério, Manuel de Sousa Castelo, José Dias Vieira, Luis Manuel Pacheco, e mais um vasto número de pessoas que de uma forma anónima ajudaram o clube ao longo da sua história.

António Viúva o rei dos jogadores do Marítimo

Provavelmente nunca mais vai aparecer no Marítimo nenhum jogador como António Viúva. Durante muitos anos foi ele o “grande capitão” da equipa e um dos jogadores que mais contribuiu para a conquista de três títulos: 1941/42, 53/54 e 54/55. É considerado por todos como o melhor jogador que passou pelo clube e agora, depois de ter falecido, é recordado como o símbolo do futebol na Calheta. Hildeberto, o único colega de equipa, ainda vivo, enaltece o lado humano do antigo futebolista. “Era um exemplo para todos os jogadores. Tinha um excelente comportamento dentro de campo, ajudava os seus colegas e, como jogador, foi dos melhores médios do futebol açoriano, se não mesmo o melhor de sempre”, aponta. No Marítimo dedicou mais de vinte anos da sua vida como jogador e treinador e conseguiu muitas vitórias.
Em 1952 foi representar os jogadores do Marítimo, uma das filiais do FC Porto, na inauguração do Estádio das Antas, representando o lugar de “embaixador da equipa nas festas e convívios”. Faleceu com oitenta anos, em Toronto, onde viveu os últimos trinta anos da sua vida, depois de ter trabalhado anos a fio como pescador. Aliás, a maioria dos atletas do Marítimo, nos primeiros anos, trabalhavam todos no ramo piscatório. “Os jogadores eram todos da Calheta e trabalhavam como pescadores. Todos se davam muito bem, havia uma grande camaradagem. Os atletas chegaram a receber convites de outras equipas, mas nunca se mudaram porque o seu clube era o Marítimo e haviam de morrer pelo Marítimo”, conta Hildeberto. “No meu tempo os jogadores comiam uma laranja ao intervalo e lavavam a roupa em casa. Agora há tudo e ninguém passa a vida toda num clube, como antigamente”.

Palmarés

CAMPEÃO DE FUTEBOL –1941/42 - 1953/54 – 1954/55 – 1972/73 – 1973/74 – 1975/76 – 1987/88
TAÇA DE S.MIGUEL - 1941/42 – 1944/45 – 1948/49 – 1953/54 – 1954/55 – 1970/71 – 1972/73
HÓQUEI EM PATINS – 1953/54 – 1966/67 – 1968/69 – 1969/70 – 1972/73 – 1973/74 – 1974/75
BASQUETEBOL – 1972/73 – 1973/74 – 1974/75 – 1995/96 – 1997/98