JOÃO MOTA
TREINADOR DE JOVENS
O REMATE – Mota, há quantos anos estás a treinar equipas de miúdos.?
JOÃO MOTA – Estou a treinar crianças há sete anos, comecei por treinar crianças com cinco anos até aos onze anos. Antes treinava duas equipas que era a minha filha e a equipa do meu pequeno, agora como ando um bocado ocupado só me posso dedicar a uma equipa que é o Under-11.
O REMATE – Como nasceu a ideia e a vontade de treinares estas crianças.?
JOÃO MOTA – Eu sempre joguei à bola e tentei influenciar os meus pequenos para também jogarem futebol, eles disseram-me que, se fosse eu a treinar que iam jogar, eles tinham cinco anos, assim treinei o primeiro ano, gostei e eles também gostaram e deu-me mais amizade para estar com eles e para estar mais tempo com eles para assim se dedicarem mais ao desporto.
O REMATE – Nestes anos todos como treinador de crianças, algum dia ganhaste algum troféu?
JOÃO MOTA – Infelizmente nas idades de cinco anos não há primeiro nem segundo lugar, não há classificações, o que acontece é que no fim da época, no final de Agosto a Youth Soccer League faz uma festa muito grande no parque e então todas as equipas com idades entre os cinco e os dez anos ele dão cafés e refrescos a cada jogador, mas a gente olha sempre para os resultados que as nossas equipas fazem, e nestes anos todos a minha equipa tem andado e acabado sempre em primeiro lugar.
O REMATE- Recebes dinheiro por treinar estas crianças.?
JOÃO MOTA – Não recebo dinheiro, isto é tudo trabalho voluntário, e falando em dinheiro e até estou a perder dinheiro porque muitas das vezes eu tenho que sair do trabalho mais cedo para os vir orientar, outras vezes estou muito ocupado e não posso treinar e então entro sempre em contacto com o meu treinador adjunto, o Manny Almeida que tem sido o meu braço direito, e se não fosse ele não se conseguia chegar ao ponto que chegamos.
O REMATE – Neste grupo de crianças que treinas tem muitos jogadores portugueses, ou seja, filhos de portugueses.?
JOÃO MOTA – Sim, tenho muitos jogadores portugueses, nos últimos anos encontro sempre sete ou oito crianças portuguesas, se não me engano este ano acho que só tenho seis, o resto são miúdos de outras étnias mas nascidos aqui no Canadá.
O REMATE- Tens a tua vida profissional e familiar e treinar estas crianças não deve ser muito fácil, como encaras isso.?
JOÃO MOTA – Como já o disseste não é fácil, eu trabalho muitas horas geralmente acabo muito tarde, mas como tenho os meus miúdos comigo isto dá-me mais tempo para passar com eles. A minha esposa às vezes vai trabalhar à noite, às sete horas, e como os jogos são também às sete horas eu fico com os miúdos, levo-os para os jogos e enquanto estão a jogar tomo conta deles e é o meu passatempo de estar junto com eles, e tem sido assim.
REMATE – Senteste ainda com força e vontade para treinar mais uns anos e no fim ouvir os miúdos dizerem que são alguém no futebol porque foram treinados pelo João Mota.?
JOÃO MOTA – Todos os anos eu recebo na minha equipa jogadores novos, tenho quatro ou cinco jogadores em que os pais estão sempre a pedir para os filhos jogarem comigo, de maneira que os miúdos que treinei nos anos anteriores agora jogam em outras equipas, e eu mais o meu treinador adjunto ficamos contente porque quando eles vem jogar contra a nossa equipa os pais já sabem como é que a gente trabalha, porque levamos as coisas muito a sério, são miúdos mas não os deixamos abusar, o futebol tem de ser levado aqui como aquele que jogávamos em Portugal, e a gente procura mostrar às crianças que o futebol pode ser um passatempo no desporto, mas se as crianças estão interessadas mesmo em jogar futebol, eles têm que levar tudo a sério desde o momento em que começam a jogar, e quando eles têm oito ou nove anos, eles já têm uma ideia do que é o futebol, e o que têm a fazer.
O REMATE – Jogaste futebol nos Açores e aqui no Canadá e portanto conheces bem o futebol, o que achas destes jovens que agora começam a jogar e daqueles que já jogam à alguns anos.?
JOÃO MOTA- Fico impressionado com estes miúdos, nós tentamos ensinar a eles a maneira como jogamos, que é o respeito por nós, e graças a Deus eu e o meu treinador ajunto não temos tido problemas neste aspecto, estamos sempre a avisar que devem ser respeitadores e que quando o árbitro apitar a gente deixa da mão e não vai discutir com ele pela decisão que fez, temos sempre que pensar é no jogo que estamos a jogar e pensar sempre na bola, sempre com muita atenção.
O REMATE – Para terminar queres deixar alguma mensagem através do REMATE.?
OÃO MOTA – Aproveito para agradecer ao REMATE pela oportunidade que me deu para esta entrevista, já conheço o REMATE há anos e acho que esta não é a primeira vez que dou uma entrevista a vocês, é bom ver que O REMATE ainda existe e desejo que continue por muitos mais anos que é sempre bom para a comunidade portuguesa, e também quero agradecer muito ao meu ajudante o Manny Almeida pelo bom trabalho que está a fazer.
HILDEBERTO ALVES
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